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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 1241-1

1241-1

SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE Neisseria gonorrhoeae ISOLADAS NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2020 E 2022

Autores:
Matheus Henrique Banchete Rosa (IMPPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes) ; Luiz Eduardo Teixeira de Araujo Pacheco (IMPPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes) ; Raphael Cavalcante de Medeiros (IMPPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes) ; Marco Antônio Américo (IMPPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes) ; Késia Thaís Barros dos Santos (DASA - Diagnósticos da América S.A.) ; Adriana Lúcia Pires Ferreira (DASA - Diagnósticos da América S.A.) ; Sergio Eduardo Longo Fracalanzza (IMPPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes) ; Raquel Regina Bonelli (IMPPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes)

Resumo:
Neisseria gonorrhoeae é uma bactéria gram-negativa, fastidiosa, que tem humanos como únicos hospedeiros. N. gonorrhoeae causa a gonorreia, uma infecção sexualmente transmissível de ocorrência mundial. Esta bactéria tem apresentado taxas elevadas de resistência frente aos antimicrobianos, fazendo com que muitos deles como sulfonamidas, penicilina, tetraciclina e ciprofloxacina deixassem de ser utilizados como terapia nos últimos 40 anos. Atualmente é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que gonorreia seja tratada com terapia dupla com os antimicrobianos azitromicina (via oral, 1 g) e ceftriaxona (intramuscular, 500 mg). Este protocolo também é adotado no Brasil desde 2017. Para alérgicos a betalactâmicos, o protocolo brasileiro sugere o uso de azitromicina (via oral, 2 g, em dose única). No entanto, no Brasil já foram relatadas cepas de gonococos apresentando resistência à azitromicina e/ou diminuição de suscetibilidade à ceftriaxona. Isso chama atenção para a necessidade de vigilância quanto ao perfil de suscetibilidade a antimicrobianos deste microrganismo. O presente estudo trata da avaliação da suscetibilidade a antimicrobianos de amostras de gonococos obtidas entre 2020 e 2022 pelo Laboratório de Investigações em Microbiologia Médica (LIMM). Foram analisadas 40 amostras de N. gonorrhoeae fornecidas pelo laboratório de análises clínicas DASA, localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro. No LIMM, a identificação das amostras foi confirmada por MALDI-TOF MS. O teste de suscetibilidade a antimicrobianos foi realizado pela técnica de disco difusão (DD) com os antimicrobianos penicilina (PEN), tetraciclina (TET), ciprofloxacina (CIP), azitromicina (AZI) e ceftriaxona (CRO) no meio ágar base GC, conforme o protocolo proposto pelo CLSI (2023), o qual não é aceito para fins clínicos no Brasil, mas apresenta resultados confiáveis para fins epidemiológicos. Ao todo, 40 amostras foram avaliadas, sendo 21, 3 e 16 obtidas nos anos 2020, 2021 e 2022, respectivamente. Os resultados apontaram uma taxa de não suscetibilidade (NS) de 97% das amostras (n=39) frente a PEN, sendo 29 classificadas como intermediárias (I) e 10 como resistentes (R); 73% de NS frente à TET (14 R e 9 I); e 77% de NS frente à CIP (31 R). Em relação à AZI, 25% foram NS (n=10), e todas as amostras foram sensíveis à ceftriaxona. Estes dados, em comparação aos obtidos na janela temporal 2018-2019 em nosso laboratório, indicaram uma ligeiro aumento na proporção de cepas R a CIP (cerca de 5%) e uma diminuição na proporção de cepas R a AZI (em cerca de 13%). Estudos complementares nos próximos anos poderão avaliar se esta é uma tendência consistente. Nossos dados apontam que é seguro o uso da ceftriaxona para o tratamento de gonorreia no Rio de Janeiro e que deve ser evitado o emprego de apenas azitromicina (em monoterapia) para o tratamento desta infeção, uma vez que as taxas de resistência a este antimicrobiano se mostraram significativamente altas, pelo menos entre os casos que foram levados a diagnóstico por laboratórios de análises clínicas.

Palavras-chave:
 Antibiograma, Azitromicina, Ciprofloxacina, Neisseria gonorrhoeae, Resistência a antimicrobianos


Agência de fomento:
FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro; INPRA – Instituto Nacional de Pesquisa em Resistência Antimicrobiana – Brasil (INCT/CNPq: 465718/2014-0).